Alta de juros tira de 2 milhões capacidade de comprar imóvel

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A queda na taxa básica de juros, a Selic, a partir do segundo semestre de 2019 trouxe consigo a redução do custo do crédito imobiliário, possibilitando que mais famílias pudessem ter acesso à casa própria ou até mesmo adquirir um imóvel maior.

A Selic, que estava em 6,5% até então, passou a cair a partir de julho daquele ano, chegando ao piso histórico de 2% em agosto de 2020 durante a crise provocada pela pandemia, barateando também os juros do financiamento.
Desde março de 2021, porém, o Banco Central promove uma série de altas na Selic, até os 9,25% atualmente –com previsão de mais aumento em 2022– para combater a inflação. E assim como a queda da taxa básica reduziu os juros do crédito imobiliário, sua alta retirou de parcela significativa da população a capacidade financeira de adquirir um imóvel ao longo dos últimos 12 meses.

Os cinco grandes bancos do país elevaram os juros do crédito mais tradicional para aquisição da casa própria de 1 a 2 pontos percentuais no período, para patamares próximos a 9% ao ano. À taxa soma-se ainda a TR (Taxa Referencial, comum em financiamentos), que estava zerada, mas que passou a subir com a alta da Selic.

Segundo Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV (Fundação Getulio Vargas), a cada 1 ponto percentual de aumento no custo efetivo total (CET) envolvido na contratação de um financiamento, cerca de 1 milhão de famílias perdem a capacidade financeira de adquirir um imóvel.
“A alta da Selic leva a um aumento do CET, o que provoca esse impacto na demanda, principalmente na base da pirâmide”, afirma. Com o aumento em até 2 pontos percentuais observado nas taxas praticadas entre as principais instituições financeiras, portanto, cerca de 2 milhões de famílias perderam condições de assumir um financiamento imobiliário ao longo de 2021, aponta o especialista.

Ajzental acrescenta que os dados não consideram a inflação e o desemprego em níveis elevados, que provocam uma corrosão ainda maior no poder de compra da população e também pesam negativamente para a demanda no setor.
Dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) já apontam para uma desaceleração –os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somaram R$ 17,16 bilhões em outubro, uma queda de 3,9% ante setembro.

Fonte: O Estado CE

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